‘Profetas da chuva’ usam sinais da natureza e acertam sobre inverno no Sertão da Paraíba
Foto: Chuvas levam alívio às cidades que sofrem com a seca
Créditos: Reprodução/ Blog do Ivaldo Show
Créditos: Reprodução/ Blog do Ivaldo Show
Mesmo com as mudanças proporcionadas pelo desenvolvimento e a
informatização, ainda existem aqueles sertanejos que preferem se guiar
pelas tradições, como é o caso dos chamados popularmente como ‘profetas
das chuvas’.
Um desses sertanejos, o agricultor Raimundo Alexandre
Batista, conhecido como coronel Nato, do sítio Juazeirinho, no município
de São João do Rio do Peixe, distante 500 quilômetros de João Pessoa,
acertou as previsões que fez de que o inverno de 2014 seria bom.
Em dezembro do ano anterior, o agricultor fez as previsões a
partir de sinais emitidos pela natureza no semiárido sertanejo. As
análises do coronel Nato foram feitas ainda quando a seca completava
dois anos e apesar de ter matado animais e afugentado moradores das
zonas ruais sem água, o período de estiagem não acabou com a esperança
do legítimo sertanejo.
As previsões de bom inverno para 2014 dos profetas da chuva
são feitas a partir da analise dos sinais e dos fenômenos naturais
emitidos pelo tempo, vento e pelos animais da região. Diferente dos
meteorologistas que usam cálculos físicos e matemáticos, os sertanejos
analisam a natureza e os sinais que se repetem e são passados de geração
para geração.
Entre os sinais citados pelo profeta da chuva do Sertão da
Paraíba, estão o coachar dos sapos e o sentido e a temperatura dos
ventos. “Na primeira chuva que deu, os sapos cantavam que adornavam”,
revelou.
Outro sinal analisado como prognóstico de inverno bom, citado
por coronel Nato foi o aracati, que é o vento refrescante no sentido
sudoeste, que estava acontecendo na ‘boca da noite’ nas regiões áridas
do Sertão. “Faz muito tempo que eu não via isso acontecer”, contou.
O comportamento dos formigueiros também foi analisado pelo
agricultor. Ele contou que os formigueiros que sobreviveram à seca
começaram cedo a botar os bagulhos para fora do buraco. “Nós vamos ter
inverno que vai valer a pena, não tenho nem susto”, previu.
O meteorologista a Agência Executiva de Gestão das Águas
(Aesa), Alexandre Magno, considerou a cultura popular importante e
defendeu que ela que deve ser respeitada. “Esse tipo de diagnóstico tem
que ser respeitado porque nós também aprendemos com a natureza”, disse.
Apesar de não ter comprovação científica, elas representam a sabedoria
popular, na opinião do meteorologista.
No entanto, Alexandre explicou que as previsões
meteorológicas são baseadas em análises do comportamento
físico-matemático da atmosfera, ou seja, de interpretações de equações
físicas através da modelagem matemática e numérica com utilização de
técnicas de sensoriamento remoto.
Ele revelou, ainda, que para as análises empíricas, como a do
vento conhecido como aracati, existem explicações físicas para os
fenômenos. “O fluxo dos ventos tem um sentido físico”. Para explicar,
ele citou a análise empírica em que as pessoas utilizam uma pedra de sal
na janela no dia 31 de dezembro.
“Quando acontece o fenômeno El Niño, a umidade fica
muito baixa, muda a circulação atmosférica e ocorre um bloqueio que
aumenta a pressão e a temperatura e reduz a umidade”, explicou. Nesse
caso, a pedra de sal que é colocada continua seca, indicando que o tempo
permanecerá quente e seco no semiárido, sem as esperadas chuvas.
Com previsões empíricas ou de meteorologistas, o certo é que
as chuvas registradas no Sertão da Paraíba já estão acima da média em
algumas cidades e estão mudando a paisagem e o dia a dia dos sertanejos
que viviam a perambular em busca de água há bem pouco tempo.
Apesar das precipitações não estarem acumulando água nos
grandes mananciais que abastecem as cidades, os barreiros e açudes de
pequeno porte das zonas rurais dos municípios estão cheios, trazendo
alegria e esperanças de dias melhores aos agricultores.
As chuvas não estão sendo regulares, mas a escassez cíclica
no semiárido faz com que elas sejam sinônimo de felicidade. E esse
contentamento é visível no rosto dos sertanejos que vivem a nova fase
das chuvas como se ela fosse uma dádiva divina.
Nas redes sociais, diariamente são postadas fotos tanto das
chuvas, como dos rios, riachos, açudes e barreiros sangrando e
esbanjando água em localidades onde até pouco tempo atrás o solo estava
rachado e a terra dura e árida.
Veja vídeo com as previsões do coronel Nato gravado pelo
aposentado Luiz Carlos Silva Gomes, publicado na internet e
compartilhado por centenas de internautas no Facebook.
Blog do Vavá da Luz
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