Muito interessante o texto postado no facebook pelo professor
e poeta campinense Ed Porto, sobre a surpreendente mudança do
secretário Chico César (Cultura) e o governador Ricardo Coutinho em
relação ao chamado forró de plástico. Diz num trecho: “O que vale é que
em 2014 tem eleição e o palco tem que oferecer um cardápio popular senão
a reeleição dança.”
O poeta lembra que, há dois anos, Chico avisou que o Governo
não iria investir recursos públicos em eventos que tivessem bandas de
forró de plástico. Mas, dois anos depois, “o governo do Estado apoia os
festejos de Antônio, João e Pedro em mais de 20 prefeituras paraibanas
em cuja programação musical temos o melhor do pior forró de plástico.”
Confirma na íntegra o belo texto, que tem como título “O arraiá de plástico de Chico”: “Dois
anos atrás o alavantú do “secretário” de cultura da Paraíba, Chico
César, era que “o estado não vai pagar estilos que não tenham a ver com a
herança direta de Jackson do Pandeiro, Sivuca ou Luiz Gonzaga”.
Sem ter muito o que mostrar até então, o “secretário”
resolveu ocupar a mídia com essa polêmica que se arrastou por um bom
tempo. E como o tempo, dizem, é o senhor da razão, vem agora o anarriê
junino e o governo do Estado apoia os festejos de Antônio, João e Pedro
em mais de 20 prefeituras paraibanas em cuja programação musical temos o
melhor do pior forró de plástico.
Dentre elas, pasmem, a de Campina Grande. Lembrem que até o
ano passado, a prefeitura de Campina Grande era do PMDB, mas agora o
prefeito campinense é do PSDB apoiado pelo PSB do governador. Aviões do
Forró, Forró dos Play, Forró da Curtição, Forró Zueira, Forró da
Pegação, Saia Justa, Forró da Resenha, Gatinha Manhosa, Forró da Elite,
Furacões do Forró, Garota Safada e outras pérolas do estilo intitulado
forró de plástico serão apoiadas (ou “pagas” né Chico?) pelo Estado.
É isso aí minha cumade e meu cumpade! E com direito a
lançamento oficial na PBTur. Onde está todo aquele discurso pomposo,
porém vazio do “secretário”? Disse ele à época: “É um investimento num
plantio de nossa cultura porque essa cultura tem sido desprezada,
escamoteada, tratada com indiferença e o estado tem que chamar a
atenção…”. Lindo esse papo-cabeça! Disse mais: “Nós queremos lutar por
um espaço da arte nordestina, paraibana, nessa festa que é a mais bonita
que o povo da Paraíba mais gosta que é a festa de São João”. Muito bom.
E foi além ao defender sua afinação com o coroné Ricardo: “Tudo passa
pelo filtro dele, mas eu me sinto muito afinado com o governador e com
os grupos que o levaram ao poder”. Ora pois pois.
Quem desafinou agora: o “secretário”, o governador ou os
“grupos que o levaram ao poder”? Tenho a leve impressão de que o
“secretário” de cultura não apita em nada e desafina desde que assumiu
esta secretaria Quem rege a banda é o coroné Coutinho e os partidos (ou
“grupos” né Chico?) que o apoiam. E não importa se o forró é de
plástico, de alumínio ou de maderia-de-lei. O que vale é que em 2014 tem
eleição e o palco tem que oferecer um cardápio popular senão a
reeleição dança.
Tempos idos aquele em que havia algo chamado honra. E onde
o caráter e a personalidade eram algo a ser preservado. Fossem aqueles
os tempos, o “secretário” pediria pra sair desse arraiá. Afinal, seu
discurso e sua opinão sobre a cultura foram fortemente detonados. Ou o
tempo o mudou de tal forma que agora até ele é de plástico”.
Ed Porto nasceu em Campina Grande, mas reside em João Pessoa,
e trabalha como professor na UFPB. Foi o primeiro colocado no concurso
literário da Associação Paraibana de Imprensa em 2000 (categoria
poesia). Lançou os livros de poesia intitulados Anônimo (2004), Ária
Literária (2006), Tra(i)nspiração e outras coisas (2008) e
Mosaico(2009). Lançará Quintessência (2012). Publicou no Parede Poética
do SESC em 2011.
Mais em https://www.facebook.com/ed.porto.39.
Com o Blogdovavadaluz.
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