De volta ao passado: Engenho Olho D´agua aberto à visitas em Pilões
Uma
oportunidade para conhecer de perto o Engenho Olho D´agua, um dos
poucos ainda em plena atividade na produção de rapadura, é através da
rota cultural Caminhos do Frio que está recebendo grupos a partir de 12
pessoas para visitação guiada.
Fundado em 1958, durante um ano de grande seca, o Engenho Olho D’água
tem o aspecto arquitetônico dos engenhos antigos. E, apesar de possuir
água encanada e energia elétrica, ainda usa, como combustível, o bagaço
da cana e alguns tipos de lenha.
“Recebemos grupos agendados, onde irão conhecer a linha de produção
de rapadura, mel e açúcar mascavo”, convida Fernanda Melo, uma das
administradoras.
Para quem tiver interesse em aproveitar esta oportunidade, ao visitar
a cidida de Pilões no próximo final de semana, as informações e
agendamento podem ser feitos com Corinto Lira ou Fernanda Melo através
do email engenho_olhodagua@hotmail.com, ou pelos telefones (83)
9983.8883/ 9664.0545/ 8690.6155/ 9306.3306.
O engenho foi construído pelo proprietário rural Corinto da Costa
Lyra, já falecido. Administrado, hoje, por herdeiros, o engenho criou
sua própria marca, inovou nos formatos e sabores da rapadura que fabrica
e manteve o seu produto principal, a aguardente, que é bastante
conhecida na região do Brejo.
Depois de chegar às mesas mais abastadas e se tornar mercadoria de
exportação, a rapadura – atualmente o doce mais popular no Nordeste
brasileiro -, agora adotou novos sabores, a fim de agradar consumidores
de todas as nacionalidades. Um dos exemplos pioneiros nesta inovação,
partiu do Engenho Olho D’água, em Pilões, no Brejo paraibano, a 148 Km
da Capital, que fornece rapadura para três Estados do Brasil e, também,
para atacadistas estrangeiros.
Rapadura para exportação
As rapaduras produzidas no Engenho Olho D’água não têm mais aquele
formato de tabletes de 500 ou mil gramas. São fabricadas no formato de
“pílulas” acondicionadas em embalagens plásticas ou de pequenos
quadrados semelhantes a cocadas. Em qualquer um dos formatos, a rapadura
de Pilões pode sair com o sabor tradicional de mel de engenho ou de
coco e chocolate. “Esses dois últimos ingredientes foram acrescidos ao
sabor da rapadura por exigência dos tempos e clientes modernos”, explica
Corinto Lira, proprietário do engenho.
Para gostos mais refinados, existem as opções de rapaduras com sabor
natural de castanha de caju e as versões em açúcar mascavo e mel de
engenho, além da tradicional “batida”.
No interior da casa de purgar do engenho, a faina é uma constante. E
tudo começa quando o mel é colocado para ferver. Depois de fervida, a
garapa passa por quatro estágios de “purga”. Ao chegar ao ponto de
rapadura, o mel já está fervendo há mais de cinco horas. O “ponto” é
dado no quarto tacho. Daqui, o mel sai para os tachos de armazenamento
e, de lá, para os moldes.
As rapaduras nas versões pílulas” ou “quadradinhos”, são vendidas em
embalagens especiais nos supermercados ou adquiridas por colégios
municipais e estaduais, como complementos da merenda escolar. As que
saem agora são produtos de final de moagem. No auge da safra da
cana-de-açúcar, o engenho mói cinco dias por semana, no período que se
estende de setembro a fevereiro. Nesta época atual, o engenho só vira
duas vezes por semana. Motivo: a cana perde sacarose e adquire muita
água, por causa do excesso de chuvas. Quando opera a todo vapor, a
produção calculada é de uma tonelada de rapadura/dia.
A produção do Engenho Olho D’água é vendida na Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará. Vez por outra surgem pequenas aquisições de exportadores
atacadistas, que enviam amostras das rapaduras para a Europa e Estados
Unidos. A administração do engenho, por outro lado, se prepara para
fazer vendas diretas a clientes do exterior. Durante o verão, o engenho
abre as portas para visitantes e pesquisadores.
Origem da rapadura – Fala-se que a rapadura teve origem na produção
do açúcar mascavo, que chegou ao Brasil com os portugueses, no Século
16. Naquela época, a garapa da cana-de-açúcar depois de cozida era
depositada num recipiente chamado pão de açúcar – uma espécie de cone de
madeira, usado como móvel armazenador. Quando a garapa se cristalizava,
fornecia uma massa com diversas tonalidades. Na camada inferior,
acumulava-se a parte escura. Em cima se formava a porção clara do
açúcar, na época considerada a mais nobre para a mesa dos colonizadores.
O resíduo pardacento, por ironia o mais rico em nutrientes, era
destinado à alimentação dos trabalhadores do eito – escravos e brancos
feitores de engenhos.
Com o ParaibaUrgete
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