A história da equipe tem capítulos de desrespeito aos direitos humanos. De acordo com a reportagem da BBC,
a matéria-prima do time eram garotos com cerca de 10 anos recolhidos em
orfanatos do Rio de Janeiro. Levados para a fazenda que fica a 160
quilômetros de São Paulo as crianças eram submetidas a castigos e
trabalhos forçados.
A foto da equipe junto à bandeira com o símbolo da suástica foi
encontrada por José Ricardo Rosa Maciel, que não fazia a menor ideia da
origem da imagem nem a situação que os jogadores enfrentavam. A
estimativa é que seja da década de 1930. O futebol era o único momento
de alívio dos garotos na rotina de trabalho e punições que iam de ficar
sem comida até golpes palmatória.
Agemiro, hoje com 89 anos, lembra que havia campeonatos e o time era
bom. Mas a rotina puxada e violenta se tornou insuportável e ele fugiu.
Voltou para o Rio de Janeiro e depois de perambular pelas ruas, virou
entregador de jornal. Quando adulto se tornou jogador de futebol atuando
pelo Fluminense, Vasco e Botafogo.
A carreira foi interrompida em 1942, quando entrou para Marinha e
lutou na Segunda Guerra Mundial contra a Alemanha de Hitler. A tarefa
era caçar submarinos nazistas.
Pelo menos era um trabalho considerado profissional, adjetivo que não
se aplicava ao futebol. Agemiro lembra que naquele tempo o esporte era
amador e os jogadores eram entregadores de jornal e engraxates.
Tanto tempo passado desde os dias na fazenda não fizeram Agemiro
esquecer os tempos difíceis na fazenda que mais parecia um campo de
concentração. “Todo mundo que diz que teve somente dias felizes está
mentindo porque todo mundo tem momentos difíceis na vida.”
A matéria da BBC informa que a fazenda no interior pertencia
a abastada família Rocha Miranda, do Rio de Janeiro. Além da foto do
time com a bandeira contendo a suástica, outros elementos comprovam o
alinhamento ao nazismo que havia na propriedade. Certa vez os porcos
derrubaram parte do chiqueiro e os tijolos tinham a suásticas. O gado
também era marcado com o símbolo. Agemiro lembra que havia fotos de
Hitler e que em certos momentos precisava fazer saudações a ele, algo
que não entendiam o motivo.
Um descendente da família Rocha Miranda negou à BBC que os garotos fossem mantidos como quase escravos.
BBC
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