Musical 'Gonzagão, a Lenda' estreia em sessão única neste domingo (04) em CG; apresentação gratuita acontece no Parque do Povo.
Há 4 anos não chovia em Exu, a pequena cidade
do interior de Pernambuco em que nasceu Luiz Gonzaga (1912-1989). O
milagre aconteceu em dezembro, bem no meio da apresentação do espetáculo
Gonzagão, a Lenda. "Foi uma festa", lembra João Falcão, diretor do
musical. "Muitas pessoas que nunca viram uma peça de teatro estavam na
plateia."
É exatamente este tipo de público que Falcão pretende ver na plateia
na estreia da peça em Campina Grande. Gonzagão terá única sessão
gratuita hoje, às 19h, em pleno Parque do Povo.
O templo do forró, palco do Maior São João do Mundo, é a primeira das
três cidades nordestinas a receber a nova turnê nordestina da produção,
que já está em cartaz desde o centenário do Rei do Baião, em 2012, e
acaba de voltar da Colômbia, onde teve a oportunidade de abrir a 14ª
edição do Festival de Teatro de Bogotá, o maior evento do gênero na
América Latina.
"A gente estreou em outubro de 2012 e já rodou bastante", conta
Falcão, que também é pernambucano e projetou-se por seus trabalhos no
teatro, televisão e cinema (entre suas adaptações mais conhecidas está O
Auto da Compadecida, exibido pela Rede Globo em 1999 e transformado em
filme no ano seguinte).
"O espetáculo é bem musical e narra a história de Gonzaga de maneira poética e nada realista", completa o diretor.
Na montagem, 40 canções como a célebre 'Asa Branca' dão o suporte
dramatúrgico para a história do jovem que saiu do Nordeste aos 17 anos
para se tornar um dos maiores artistas da música brasileira. O
protagonista é interpretado pelo ator Marcelo Mimoso, que é filho de
sanfoneiro, taxista e cantor de forró.
Segundo Falcão, apesar das habilidades musicais do ator, uma banda
com quatro músicos (entre eles um acordeonista, Rafael Meninão)
acompanham o elenco. "O Marcelo toca sanfona, mas a gente não utilizou
isso no palco", explica o diretor. "O elenco é composto por nove atores e
quatro músicos que se misturam."
A atriz Larissa Cruz (que começou como cantora, com passagem pelo
grupo AraKetu) é a única mulher em cena. Ela interpreta figuras
femininas importantes na trajetória de Gonzagão que foram rebatizadas no
texto, a exemplo do primeiro amor, Nazarena (aqui chamada de Rosinha) e
a mãe de Gonzaguinha, Odaléia (que ganhou o nome de Morena).
"A gente procurou contar desde o nascimento até a morte de Gonzaga de
uma maneira que fosse poética, e não didática", justifica Falcão. "A
gente fala do pai, da mãe e de Gonzaguinha, do primeiro contato dos dois
até o reencontro, com o filho já adulto."
O encontro que mais foge do suposto didatismo da história de Luiz e
que é encenado em grande estilo em Gonzagão é o do artista com o mítico
Lampião. O episódio, que jamais aconteceu, foi motivado pela presença do
cangaceiro na obra do vate.
"Faço teatro há uns trinta anos e na verdade eu comecei com a música.
Da música foi que migrei para o teatro", lembra João Falcão, que
dirigiu, entre outras peças, Cambaio (em 2001), espetáculo com músicas
de Chico Buarque e direção musical de Lenine. "Minhas peças sempre têm
algo de musical. A música sempre está presente."
Gonzagão, a Lenda tem uma galeria vasta de premiações: recebeu o
Shell de melhor música em 2012 e venceu o Festival Internacional de
Teatro de Angra (o Fita, no Rio de Janeiro), em três categorias no ano
passado, entre elas júri popular e melhor direção.
Jornal da Paraiba
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