sábado, 13 de dezembro de 2014

Excesso de peso 'escondia' tumores em ex-obesa confundida com Alcione


Uma moradora de Santos, no litoral de São Paulo, levou um grande susto ao decidir combater a obesidade mórbida e emagrecer. Após fazer a cirurgia bariátrica e perder 64 kg, a gerente financeira Eliane Régis Guedes descobriu dois tumores que, segundo os médicos, estavam mascarados por causa do excesso de peso. Além de ter salvado a própria vida, a iniciativa de levar uma vida mais saudável estimulou os dois filhos de Eliane que também sofriam com a obesidade e emagreceram junto com a mãe.
Durante vários anos, Eliane não sabia o que era levar uma vida saudável. Mãe do funcionário público Maurício Alberto Guedes Júnior e do assistente financeiro João Paulo Regis Guedes, ela confessa sempre ter se alimentado de maneira errada. “Eu fazia as refeições certas, mas sempre exagerando e comendo rápido. Não tinha o costume de jantar, só fazia um lanche”, admite.

Os maus hábitos foram passados também para os filhos. Na lancheira da escola dos meninos, a mãe só colocava "porcaria", como ela denomina as guloseimas que eles comiam no intervalo das aulas. Já na adolescência, no refrigerador de casa, havia um pote de sorvete para cada um. Segundo João Paulo, o filho mais novo, os irmãos eram gordinhos desde pequenos, mas os erros da mãe contribuíram para piorar a situação. “Fomos acostumados com refrigerante no café da manhã, chocolate e sanduíches. A gente via que ela estava fazendo errado e isso influenciava nos nossos hábitos. Tanto que eu e meu irmão sempre fomos gordinhos”, explica.
Família se uniu para emagrecer com saúde (Foto: Eliane Guedes / Arquivo Pessoal)Família se uniu para emagrecer com saúde (Foto: Eliane Guedes/Arquivo Pessoal)
Com o passar do tempo, mãe e filhos foram engordando e ultrapassaram os 100 kg. Porém, a obesidade não incomodava tanto a gerente financeira, que continuava se achando bonita. “Eu não tinha problemas. Me olhava no espelho e ainda gostava do que via. Só percebi o que acontecia quando tentei comprar uma sandália e não consegui colocar no pé”, conta. Eliane não alcançava os próprios pés para abotoar os sapatos e ficou constrangida na loja.
O constrangimento no comércio é apenas uma de várias histórias que ela precisou superar. A mulher chegou a ser confundida com a cantora Alcione em uma festa. “Eu estava procurando uma vaga para estacionar o meu carro. Foi quando apareceu um homem falando ‘Deixa que eu manobro para a senhora, Dona Marrom (apelido da cantora)’. Fiquei sem graça”, lembra.

Quem também sofreu preconceito foi Maurício. A mãe conta que o filho mais velho deixou de ser aprovado para uma vaga de emprego por causa da obesidade. Motivado pela ex-namorada, que havia acabado de fazer uma cirurgia bariátrica, o primogênito de Eliane resolveu mudar de vida. “Ele operou e se tornou outra pessoa. Me chamou a atenção porque ele nunca foi vaidoso, mas agora ele faz academia, se cuida”, comenta a mãe. O rapaz chegou a pesar 143 kg, hoje está com 90 kg.
Maurício e João Paulo após a cirurgia (Foto: Arquivo Pessoal / João Paulo Regis Guedes)Maurício e João Paulo com novo físico após cirurgia
(Foto: João Paulo Regis Guedes/Arquivo Pessoal)
A mãe e o irmão acompanharam os processos pré e pós-operatório de Maurício, e mesmo com medo, resolveram fazer a cirurgia. Para Elaine, que chegou a pesar 140 kg e hoje está com 76 kg, a decisão foi reveladora. “Depois que eu operei, descobri um câncer de mama e, em seguida, outro no colo do útero. Não era para eu estar viva”, afirma. Ela relata que os nódulos ficavam escondidos e os médicos não conseguiriam identificá-los antes por causa da obesidade. A gerente financeira passou por tratamento e está curada.
O terceiro a encarar o desafio foi João Paulo, que hoje está com 79 kg, mas chegou a pesar 133 kg. Ele comenta que sua grande mudança aconteceu no guarda-roupa. O assistente financeiro passou a usar peças que negava gostar. “Uma vez, o meu irmão chegou da academia com uma dessas camisas apertadas. A gente começou a zoar um com o outro e ele disse que apostava que eu usaria uma igual se fosse magro. Depois da cirurgia eu acabei comprando uma. Ele e minha mãe nunca mais pararam de pegar no meu pé”, brinca.

Para realizar a cirurgia, mãe e filhos passaram por vários médicos e também frequentaram um grupo onde os pacientes contam suas experiências. Após a operação, o processo é delicado por causa da dieta a que as pessoas são submetidas. Porém, a família afirma que ‘comer é um vício’ e que a mudança foi bastante satisfatória. “O gordo não come, ele engole a comida. Nós mudamos o nosso ritmo e o que nós comemos. A qualidade de vida agora é bem maior”, completa João Paulo.
G1

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