Entre as muitas atrações deste sábado (19) na 2ª
Bienal Brasil do Livro e da Leitura, os visitantes puderam aprender um
pouco mais sobre o cordel em uma oficina ministrada pelo artista popular
paraibano Jairo Mozart Pereira. Cordelista há 27 anos, ele diz que o
cordel foi o primeiro veículo de expressão de massa no Brasil.
Na oficina, Pereira ensinou algumas das técnicas da poesia popular,
como a sextilha, com estrofes de seis versos, e o decassílabo, que tem o
verso com dez sílabas. Já no quadrão, com oito versos, as estrofes são
encerradas sempre com o verso: "nos oito pés a quadrão". O cordelista
também mostrou a técnica da gemedeira, em que os versos “Ai, ai, ui,
ui, para ficar gemendo agora” sempre terminam o poema.
“O cordel é uma expressão popular ainda muito importante no Nordeste.
O Brasil herdou essa cultura milenar dos mouros”, disse Pereira, que dá
treinamento de cordel para professores do Distrito Federal e Entorno.
Ao pé da letra, cordel significa corda pequena. Seu uso para a
classificação da literatura vem do costume, introduzido no Brasil pelos
portugueses, de pendurar as cartilhas com os escritos em barbantes nos
locais onde as obras eram colocadas à venda. Comumente impressos em
papéis rústicos, os exemplares ganharam ilustrações em xilogravura entre
o final do século 19 e o começo do século 20.
O bancário aposentado Aluizio Soares de Cerqueira diz que aprendeu a
gostar de cordel na infância e na juventude no Piauí. “A gente via muito
nas feiras os vendedores de romance, de cordel. Gostava de ouvir os
cordelistas e os violeiros. O cordel sempre me interessou, mas escrevia
aleatoriamente, sem técnica. Quando soube da oficina, me interessei em
fazer. Vim aprender a técnica e quero continuar”, disse.
Agência Brasil
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